Alessandro Marimpietri

O psicólogo, psicanalista e professor universitário Alessandro Marimpietri disse há pouco na Emab, em um evento da Creche Nossa Senhora da Conceição direcionado aos pais e professores da instituição, que é preciso desconfiar das fórmulas prontas que os livros de auto-ajuda oferecem de como os pais devem educar os filhos. “Cada família deve definir, a partir de suas próprias referências e crenças, os valores que são negociáveis e os que não são”, afirmou.

Ele defendeu, no entanto, que é preciso levar em conta alguns princípios, como, por exemplo, exercer a autoridade sem ser autoritário. A autoridade, segundo ele, é um pacto simbólico, sem palavras, que funciona a partir de uma lei comum. É movida pela força do afeto e educa de verdade. Já o autoritarismo intimida momentaneamente, mas leva os filhos a darem o troco assim que tiverem uma chance, em uma moeda de que os pais não dão conta.

Outro ponto que os pais devem ter sempre em mente, de acordo com o psicólogo, é que tão importante quando o dar é o deixar faltar. “Isso garante a saúde psíquica do filhos. Se continuarmos constrangidos em dar limite, estaremos dando uma prova não de amor, mas de negligência”, ressaltou. E é aí, continua ele, que a escola entra como “a salvação da lavoura”, pois é onde os filhos agem não mais regidos pelo próprio desejo, e, sim, a partir de regras sólidas e muito bem definidas, que valem para todo o grupo.

Marimpietri também fez considerações sobre o atual momento social e histórico da educação para ajudar a platéia a entender porque está tão difícil dar limites aos filhos hoje em dia. Segundo ele, até pouco tempo atrás, a criança era vista como uma tábula rasa, que deveria ser preenchida com os conteúdos dos adultos. Já hoje, ela passou a ser sujeito de direito, autora da própria história, vivendo uma mudança de paradigmas em que todos os modelos foram dissolvidos (família, trabalho, escola, Estado) e um novo ainda não está posto.